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Atibaia - Trekking

TREKKING – ATIBAIA

APRESENTAÇÃO DA MODALIDADE

Trek, em português, significa migrar. O nome então é possivelmente uma herança da colonização inglesa no mundo, principalmente da África e América do Norte, onde os trekkers viajavam meses em suas carruagens a boi, ou mesmo a pé, carregando todos os seus pertences de um lado para outro, muito parecidos com os nômades do oriente. Justamente por essa definição de migração, mudança, viajar, "carregar a casa" é que o termo trekking é empregado para a atividade. Também há os termos backpacking e hiking, comumente utilizados na América.

O trekking é uma das atividades ao ar livre mais seguras, e que pode ser praticada por qualquer pessoa saudável, em qualquer idade. Porém, especificamente para a trilha da Pedra Grande, em Atibaia, foi estabelecida pela empresa Grade 6 Viagens a idade mínima de 12 anos para participação na aventura. Para aqueles que não praticam atividade física regularmente, o melhor caminho é se exercitar em caminhadas mais curtas, em praias ou parques. Todavia, antes de praticar qualquer atividade física, é necessário que se faça uma avaliação médica para garantir a segurança. Existem vários tipos de trekking, como o trekking de um dia ou de longa distância, além das modalidades competitivas, como o trekking de regularidade ou o de velocidade, também conhecido como corrida de aventura.

DIÁRIO DE BORDO

Destino – Pedra Grande, em Atibaia
Distância – 67 km de São Paulo, capital
Tempo de Viagem – Entre uma hora e meia e duas horas, dependendo do trânsito
Caminho – Rodovia Fernão Dias

A saída de São Paulo foi às 6 horas de uma manhã ensolarada de sexta-feira. O destino era Atibaia e a trilha que leva ao topo da Pedra Grande, o mais belo cartão postal da cidade, a 1.450 metros de altitude. Os personagens escolhidos para esse destino, já ansiosos pela aventura que se aproximava, foram Ed Carlos Gomes da Cruz, 43 anos, e Cristiano Sousa Rodrigues, 42 anos, ambos com deficiência visual. A trajetória deles já mostra que a busca por novidades é uma diretriz na condução de suas vidas.

Ed Carlos nasceu com malformação no nervo óptico, mas aprendeu mobilidade desde cedo. Com 2 anos de idade e apenas 10% de visão, foi levado pela mãe à Fundação Dorina Nowill, com essa intenção. Aos 14 já tinha autonomia total para locomoção. Tendo terminado o Ensino Médio, fez curso técnico de massoterapia e trabalha no hospital 9 de julho há 12 anos, exercendo suas habilidades. Mas ele nunca se acomodou com sua situação e sempre procurou novas experiências fora de sua rotina. Em 2013, por exemplo, foi com um grupo para Potosí, na Bolívia, cidade a 4 mil metros de altitude. Lá, escalou a montanha principal da localidade, por 10 dias, chegando a 5.750 metros de altitude, superando paredes de gelo e enfrentando temperaturas próximas aos -25° C.

“Acho importante experimentar o novo, sair de sua zona de conforto. Isso passa a ser importante para sua vida”, diz Ed Carlos. Da mesma forma pensa Cristiano, que tem retinose pigmentar, doença que causa a degeneração da retina. Somente aos 16 anos é que ele começou a perder a visão, progressivamente. Atualmente tem algo em torno de 5% de visão. Com curso superior em administração incompleto, mas com intenção de terminá-lo, Rodrigues começou a trabalhar cedo, aos 9 anos de idade, e sempre quis experimentar novos horizontes. Atualmente, trabalhando em uma ONG na área de aromas e fragrâncias, checando composição de produtos, ele também busca o novo, com a intenção de se divertir e de se fortalecer. “Faço corridas de aventura, remamos, caminhamos e precisamos ter um sentido de navegação apurado. Isso acaba se revertendo em benefícios psicológicos e físicos, te ajuda no dia a dia”.

A caminhada em direção ao topo da Pedra Grande começou por volta das 10 da manhã. Considerada uma trilha de intensidade moderada, exige concentração e esforço físico. São 2,5 quilômetros de distância, mas com altimetria de 640 metros. Ou seja, ao finalizar a caminhada, chega-se 640 metros mais alto do que o início da aventura. Durante o trajeto, Ed Carlos foi guiado por Lucas Sato, da empresa Grade 6 Viagens, e Cristiano foi guiado por Ana Borges, produtora experiente em aventuras dessa natureza, ambos por meio de uma barra direcional. Estava presente também Marcos Robioglio, que comandou um drone durante todo o trajeto, captando lindas imagens.

A trilha apresenta muitas irregularidades de terreno, incluindo a formação de pequenas valetas, frutos da erosão local. É preciso atenção por conta de pequenas pedras espalhadas pelo caminho, que causam alguns escorregões. Nesse cenário, é importante a escolha de um calçado apropriado, confortável e com uma sola que ajude no equilíbrio. Em algumas oportunidades, a força física se faz necessária, para superar obstáculos naturais como pedras de médio porte, galhos e raízes. Platôs e subidas mais íngremes se revezam pelo caminho. O interessante é que a trilha é contemplativa e pode ser feita em diferentes ritmos. Quem está mais acostumado, pode ir mais rapidamente. Outros podem percorrê-la mais vagarosamente. O topo da Pedra Grande foi alcançado após duas horas e meia de caminhada, tempo considerado normal pelos especialistas. Durante o trajeto já é possível visualizar paisagens incríveis, mas o topo da pedra reserva uma vista aérea de Atibaia e da região de tirar o fôlego.

A descrição desse visual espetacular foi detalhadamente contada aos aventureiros com deficiência visual por seus respectivos guias, ao longo da caminhada, assim como em seu ponto mais alto. Muitas fotos foram tiradas e um bate-papo divertido dominava o ambiente.  Para a descida, são necessárias mais uma hora e meia, em média. A concentração e a definição de ritmo são importantes nessa etapa também, por muitos considerada até mais difícil que a própria subida, por exigir equilíbrio maior do corpo.

Caso a pessoa não queira descer caminhando, é possível o resgate por carro. “Indescritível a sensação de conquista, de ter chegado ao fim. É assim que enxergo a vida, imponho metas a mim mesmo e faço de tudo para cumpri-las. Agradeço ao Lucas por ter me passado tranquilidade e segurança durante o trajeto. Somos todos um time, com um objetivo comum. Esse senso coletivo conta demais e torna tudo mais agradável”, conta entusiasmado Ed Carlos. “A interação com o ambiente é fantástica! E a minha ligação com a Ana durante o trajeto ajudou demais. A barra auxilia muito e seus comandos de voz alertando para o que vinha pela frente foram essenciais para o término de uma caminhada que foi extasiante, mas ao mesmo tempo tranquila. Meu recado para as pessoas com deficiência é que saiam de sua rotina e experimentem sensações novas, como fizemos aqui em Atibaia”, finaliza Cristiano.

RECOMENDAÇÕES

Adaptações para pessoas com deficiência visual: é necessário que o guia utilize uma barra direcional (material para guiada). É essencial que a comunicação entre o pessoa com deficiência visual e o guia seja constante, fazendo com que as orientações tragam a exata noção do terreno explorado e para aumento da sensação de segurança por parte de todos.

Alimentação: Levar kit lanche: sanduíche, barra de cereal, chocolate, frutas frescas/frutas secas etc. Levar água. Cada participante deve ter autonomia de 3 litros. Isotônicos também são bem-vindos (tipo Gatorade).

Vestuário: Camiseta dry fit, de preferência de cor clara e mangas compridas, jaqueta impermeável ou capa de chuva, tênis ou bota de trekking amaciado e resistente, boné ou chapéu, bastões de caminhada (item opcional, mas importante por auxiliar no equilíbrio).

ATRAÇÕES DE ATIBAIA

São muitas as atrações da cidade. Para quem gosta de História, o destaque são duas igrejas: a Igreja Matriz de São João Baptista, construída em 1665 e considerada como marco zero do município, e ainda a Igreja Nossa Senhora do Rosário, construídas por escravos. Sua construção começou em 1763 e só foi terminar em 1817. Nossa Senhora do Rosário é considerada a Santa protetora dos negros. Existe ainda o Museu de História Natural, cujo acervo é composto em sua maioria por mais de mil espécies de vertebrados taxidermizados, formando uma rara coleção de nossa fauna com modelos vindos de todas as regiões brasileiras, especialmente do Pantanal Matogrossense, Amazônia e Rio Grande do Sul. Ele fica localizado no Parque Edmundo Zanoni – Av. Horácio Neto 1030 – e funciona de terça a domingo, das 8h às 17h30.

O próprio parque é muito visitado pelos turistas. Em sua área de 38.700 m², abriga, além do Museu, o salão do artesão, playground, jardim japonês, viveiro de pássaros e um pavilhão de exposições. Tudo isso em meio a uma extensa área verde de grande beleza natural, contemplando bosques, lago com pedalinhos, patos e gansos. Além de todos esses atrativos, o Parque Edmundo Zanoni é palco de diversos eventos do Município e do Estado, como a Festa das Flores e Morangos de Atibaia e o Revelando São Paulo Entre Serras e Águas. A Festa dos Morangos e das Flores é nacionalmente conhecida, por seu caráter cultural amplo e diversificado. Mais informações do evento podem ser encontradas no link http://www.floresemorangos.com.br/.

Atibaia rima ainda com boas compras. No bairro do Tanque ficam os japoneses Shugo Izumi, ceramista que produz vasos e pratos de argila moldados a mão, e o mestre Osamu Hidaka, especialista no cultivo do bonsai. Já no bairro do Portão, o atrativo é a fabricação de tapetes arraiolos. As peças, que seguem técnicas portuguesas, estão disponíveis na associação dos artesãos. Para quem deseja mais adrenalina, Atibaia tem kartódromo (telefone – (11) 4411-6118) e pista de MotoCross (telefone – (11) 99912-9753).

SERVIÇOS (800)

TREKKING NA PEDRA GRANDE – ATIBAIA

Empresa: Grade 6 Viagens
Site: www.grade6viagens.com.br
E-mail: contato@grade6viagens.com.br
Endereço: R. Oscar Alves Costa 103, sala 3, Barão Geraldo, Campinas
Telefone: (19) 3305-5040

ONDE FICAR (todos os estabelecimentos são adaptados para receber pessoas com deficiência)

Hotel Bourbon – Telefone: (11) 4414-4700; Site: http://www.bourbon.com.br/hotel/upscale-pt/convention-spa-resort/bourbon-atibaia/
Endereço: Rodovia Fernão Dias (BR – 381), Km 37,5. A aproximadamente 6 quilômetros da Pedra Grande.
Pessoal capacitado para receber pessoas com deficiências múltiplas. Possui rampas, calçada rebaixada, piso tátil de alerta, faixa de pedestre, piso regular e antiderrapante. Símbolo internacional de acesso, vagas de estacionamento, elevadores com leitura em braile e dispositivo sonoro. Dispõe de apartamentos adaptados.

Hotel Tauá – Telefone: (11) 4416-5009; Site: http://www.tauaresorts.com.br/atibaia
Endereço: Rod. Dom Pedro I (SP -065), Km 86. A aproximadamente 30 quilômetros da Pedra Grande.
Pessoal capacitado para receber pessoas com deficiências múltiplas. Possui rampas, calçada rebaixada, piso tátil de alerta, faixa de pedestre, piso regular e antiderrapante. Elevadores com leitura em braile e dispositivo sonoro. Banheiros adaptados. Apartamentos adaptados.

Pousada Paiol – Telefone: (11) 4416-4453; Site; http://pousadapaiol.com.br/
Endereço: Estrada Municipal Hisaychi Takebayashi, 9800A, Bairro da Usina, Atibaia. A aproximadamente 15 quilômetros da Pedra Grande.
Pessoal capacitado para receber pessoas com deficiências múltiplas. Possui rampas, calçada rebaixada, piso tátil de alerta. Banheiros adaptados. Apartamentos adaptados.

COMO CHEGAR

Avião - O aeroporto mais próximo é o de São Paulo, a 67 quilômetros.
Carro - Vindo de São Paulo, acesso pela BR-381 (Fernão Dias). Vindo do Rio, acesso pela Via Dutra (até São Paulo) e BR-381.