PARAQUEDAS – BOITUVA
APRESENTAÇÃO DA MODALIDADE
As primeiras notícias que se têm sobre paraquedas são do italiano Leonardo da Vinci (1452 – 1519), que escreveria em notas: "Se um dia alguém dispuser de uma peça de pano impermeabilizado, tendo os poros bem tapados com massa de amido e que tenha dez braças de lado, pode atirar-se de qualquer altura, sem danos para si". Por isso, esse gênio é também considerado um precursor como projetista de paraquedas. Mas o primeiro voo mesmo que se tem notícia foi realizado por outro italiano, Fausto Veranzio, em 1617, que saltou com um protótipo de paraquedas da torre da catedral de Veneza, aterrissando ileso diante dos espectadores.
O chamado paraquedas moderno foi inventado pelo francês Louis-Sébastien Lenormand, que fez um salto pela primeira vez em público em 1783. De lá para cá, só evoluções. No Brasil, o grande nome é o de Charles Astor, que começou a praticar a modalidade em 1931 e é considerado o pai do paraquedismo por aqui. A prática da modalidade é regulamentada pela Confederação Brasileira de Paraquedismo (CBPq).
Atualmente estão em operação diversas áreas de salto no Brasil, em que se realizam saltos esportivos e saltos duplos, estes últimos sempre acompanhados por profissionais devidamente homologados para instrução de alunos e realização dos saltos. A cidade de Boituva, no estado de São Paulo, concentra o maior número de instrutores de paraquedismo, escolas e aeronaves dedicadas à prática do esporte, por isso é considerada a capital nacional do paraquedismo.
Algumas curiosidades sobre o salto duplo: na hora da queda livre, que dura aproximadamente 50 segundos, alcança-se, em média, 200 km/h. Depois do paraquedas aberto, sua velocidade é reduzida a 20 km/h e o voo contemplativo dura cerca de 5 minutos. A altura a que se chega na hora do salto é de aproximadamente 12 mil pés, ou 3.630 metros. A temperatura costuma ser 15° C mais fria do que na superfície. Todo salto é feito com um paraquedas principal e outro reserva. Estatísticas mostram que em apenas 0,1% (um em mil) dos saltos o paraquedas reserva é acionado. Os aviões usados em Boituva são Cessna, modelo Caravan, mais leves e potentes, com hélices e turbinas, apropriados para a modalidade e que podem levar até 15 passageiros.
DIÁRIO DE BORDO
Destino – Centro Nacional de Paraquedismo, em Boituva
Distância – 123 km de São Paulo
Tempo de Viagem – Uma hora e meia da capital paulista, sem trânsito
Caminho – Rodovia Castelo Branco (SP – 280)
Mais um dia de céu azul e muito sol. Nada poderia ser melhor, já que o destino era Boituva, mais precisamente o Centro Nacional de Paraquedismo do município, local onde ocorrem os saltos, a pouco mais de cem quilômetros da capital paulista. A aventura era o salto duplo de paraquedas e os convidados da vez eram Ravelly Santana Silva, 20 anos, amputada da perna direita, e Eduardo Soares da Silva Costa, 35 anos, deficiente visual. Ravelly é natural de Feira de Santana, Bahia. Aos 17 anos teve o intestino perfurado por conta de uma malformação do órgão. Ficou em coma e seu estado era crítico. Durante o tratamento, um coágulo na perna direita formou-se, acabou causando uma trombose do membro e a amputação se fez necessária. “Logo que saí do hospital já comecei minha adaptação, usava muletas. Quatro meses depois, iniciei o uso da prótese. Hoje não preciso mais das muletas, ando só com a prótese, aprendi mobilidade sozinha, treinando em casa”, diz ela, que mora em São Paulo desde os 19 anos, estudando jornalismo na Faculdade Belas Artes. Aventura radical antes dessa, só participação em um rally, onde foi como convidada. “Mas gosto muito dessa coisa da adrenalina, queria muito pular de paraquedas, de bungee jump. Quando surgiu o convite, aceitei de imediato”.
Mesma reação teve Eduardo. Deficiente visual com baixa visão desde que nasceu, por conta de um erro médico durante a gravidez, tinha aproximadamente 40% da visão aos 17 anos. Depois disso, passou a perder mais do sentido. Atualmente tem algo em torno de 10%. Mas isso não o impede de ter uma vida plena, muito pelo contrário. Formado em educação física, com curso técnico em massoterapia, trabalha desde os 14 anos de idade e tem autonomia total. Quando convidado para o salto, vibrava como criança. “Participo de corridas de aventura, adoro emoções, superar meus limites. Queria muito saltar, experimentar algo diferente e a oportunidade surgiu agora. Estou ansioso, nem dormi direito”, explica Eduardo, antes de iniciar os preparativos para o salto.
A empresa que os atendeu em Boituva foi a Vida Azul, com mais de quatro anos de existência. Seu principal saltador é Carlos Ribeiro Marques, 35 anos, conhecido por todos como Kalay. Além de ser instrutor profissional, especializado em voos duplos (tandem), é heptacampeão brasileiro de swoop, modalidade que consiste em pousar o paraquedas em alta velocidade sobre uma superfície de água. Sua experiência também pode ser traduzida no número de saltos que já fez: 11.500! Em terra, Kalay e sua equipe passam os procedimentos que serão realizados durante o voo. São instruções simples, mas importantes. Postura, comunicação, tudo é repassado. Ravelly e Eduardo escutam atentamente, fazem as simulações com desenvoltura. A equipe da Vida Azul já acompanhou saltos de pessoas com todos os tipos de deficiência, inclusive, tetraplégicos. “O que fazemos é uma avaliação da pessoa. Não saltamos apenas em casos extremos”, diz Kalay.
Explicações dadas, então tudo pronto para os saltos! Além de Kalay, que iria saltar com Ravelly, outros quatro paraquedistas iriam participar da aventura: Ivan Vinco, que iria com Eduardo e mais três cinegrafistas, Igor Soares, Jean Scripnic e Marcos Vinícius, todos com experiência em saltos e encarregados de registrar as emoções. Com a ansiedade no grau máximo, os convidados e a equipe da Vida Azul seguem para o avião. Para quem fica em terra, em minutos tudo vira um ponto branco no céu. Para quem está na aeronave, o que predomina é um papo descontraído para conter a adrenalina, que está literalmente no céu. Na porta do avião, a mais de 3 mil metros de altitude, a hora mais emocionante. Praticamente ajoelhados, saltadores mergulham no espaço! A queda livre é espetacular, dura segundos, mas parecem uma eternidade. Doce eternidade! Após a abertura do paraquedas, a adrenalina dá uma diminuída e o que prevalece é a contemplação de uma paisagem única, deslumbrante.
Ao chegarem em terra, nossos convidados estão em êxtase puro! “Saímos já dando uma pirueta, fui eu que pedi. A adrenalina mistura-se com o visual, tudo vira algo fantástico. Vi paisagens incríveis e como o céu estava lindo, limpo, pudemos observar até São Paulo! A única coisa que sei é que vou saltar de novo, já estou viciada nisso!”, avisa Ravelly. O mesmo sentimento é compartilhado por Eduardo. “A energia lá em cima, antes e durante o salto, é algo magnífico, positivo. Na queda livre, a velocidade do vento na cara faz com que você se esqueça de tudo o que é ruim, só coisas boas vêm à mente. A comunicação durante o voo foi tranquila. Depois foi só curtir a paisagem, que era descrita em detalhes pelo olhar do Ivan. Acho que se a queda livre tivesse durado mais cinco segundos, eu teria voltado a enxergar (risos)!”, finaliza, eufórico, Eduardo.
RECOMENDAÇÕES
Como em toda atividade aérea, é melhor saltar logo pela manhã, quando as chamadas atividades térmicas estão mais calmas. Pede-se o uso de uma roupa confortável já que, em cima dessa vestimenta, será colocado o macacão especial para o salto, com capacete, rádio e outros equipamentos de segurança. A alimentação antes do salto deve ser leve e feita uma hora e meia antes da atividade.
No caso de cadeirantes, a pessoa é retirada da cadeira, todo o equipamento é posto, então ela é recolocada na cadeira para embarcar no avião com ela. O salto será realizado sem a cadeira, diferentemente de algumas outras atividades aéreas como bungee jump, por exemplo, onde é permitido o salto com a cadeira.
No caso de pessoas com deficiência auditiva, a comunicação se dá por sinais, mesmo método utilizado com pessoas sem deficiência, já que durante a queda livre a comunicação verbal é praticamente impossível. Pessoas com deficiência visual são orientadas por meio de toques, combinados ainda em terra.
Não se salta com chuva, nem com ventos acima de 14 km/h. Não é recomendável que se salte gripado ou com alguma outra enfermidade. Pessoas acima de 130 quilos podem ter de passar por uma pré-avaliação, para checar se o salto é possível.
ATRAÇÕES DE BOITUVA
Quer explorar o ar de outra forma? Em Boituva você poderá desfrutar de um passeio de balão, uma experiência única e inesquecível sobrevoando cidades, campos e rios, a aproximadamente 500 metros acima do solo em áreas habitadas, e quase ao nível do solo em áreas de mata ou plantações que não estejam ocupadas por animais domésticos, chegando mesmo a tocar a copa das árvores. O tempo de voo é de cerca de uma hora quando as condições atmosféricas permitem, e o passeio todo vai levar algo em torno de três horas. São muitas as empresas de balonismo situadas em Boituva.
Outra atração da cidade é o Parque Ecológico Eugênio Walter. Com aproximadamente 136 mil metros quadrados e mais de 30 espécies de animais, o parque foi enquadrado como zoológico pelo Ibama, e recebe animais apreendidos do tráfico ou que foram atropelados. No parque, que tem atraído muitos turistas, os animais recebem todo o atendimento necessário e adequado por biólogos e veterinários. O zoo funciona como um centro de reprodução de aves e mais de 100 espécies estão catalogadas. São aves que migram especialmente até o parque para reproduzir. Além dessas aves que passam pelo parque, outras vivem em cativeiro. São cisnes, mutuns e araras, além de mamíferos e répteis como macacos e jabutis. Ao todo, são 75 exemplares abrigados em áreas especiais de acordo com a necessidade de cada um.
O local conta também com uma área de preservação. Trata-se de uma área verde, onde mananciais naturais e vegetação típica da Mata Atlântica são encontrados. Está localizado na Avenida Pedro Eid e fica aberto de terças a quintas-feiras, e aos sábados e domingos das 8h às 16h30. Às sextas-feiras o local fecha mais cedo, às 15h30. A entrada é franca. Mais informações pelo telefone: (15) 3263-5302. A cidade ainda apresenta Festivais de Inverno e de Verão, com shows, barracas de comes e bebes e muitas outras atrações. Para saber mais sobre os festivais e suas programações completas, ligue (15) 3363-8800.
SERVIÇOS
Empresa: Vida Azul Paraquedismo
Site: www.vidaazulparaquedismo.com.br
E-mail: contato@vidaazulparaquedismo.com.br
Endereço: Centro Nacional de Paraquedismo, Av. Industrial, s/n, Rodovia Castelo Branco, Km 116, Boituva - SP
Contato: (11) 94866.5909 – whatsapp, (15) 3363.3668, (15) 3363.3916
ONDE FICAR
Estabelecimentos que dispõem de apartamentos adaptados e acessibilidade para pessoas com deficiência.
Hotel Garrafão – Telefones: (15) 3263-8030 ou (15) 3263-1369
Site: http://www.hotelgarrafao.com.br/
Endereço: R. Cel. Eugênio Motta 477 Centro Boituva-SP, a aproximadamente 7 quilômetros do Centro Nacional de Paraquedismo
Hotel Toyo Inn – Telefone: (15) 3263-5872
Site: http://www.hoteltoyoinn.com.br/
Endereço: Av. Mario Pedro Vercelino, 238, Boituva, a apenas um quilômetro do Centro Nacional de Paraquedismo