APRESENTAÇÃO DA MODALIDADE
O paratrike é uma modalidade de aventura muito similar ao paramotor, equipamento de voo com motorização auxiliar, composto por uma asa denominada parapente, que não contém elementos rígidos em sua estrutura e cujo comando se realiza por meio de controle aerodinâmico. A diferença entre o paramotor e o paratrike é que esse último contém todos os itens do paramotor, mais estrutura modular com rodas, o que torna mais fáceis os pousos e decolagens. Ou seja, um piloto de paramotor necessita ter boa condição física para aguentar o peso do equipamento até a decolagem e ainda na aterrissagem. Já no paratrike esse quesito não é essencial.
A palavra paramotor nasceu da simplificação da expressão “parapente com motor” e está composta pela união entrelaçada das sílabas dos elementos fundamentais para a prática deste esporte: o parapente e o motor propulsor auxiliar. Pode transportar um ou dois tripulantes e não necessita de instalações aeronáuticas para a decolagem e a aterrissagem, pois pode ser utilizado o esforço físico das pernas como trem principal, a chamada decolagem a pé (DAP), ou com a ajuda de um dispositivo mecânico que a substitua, decolagem conhecida por mecânica (DMC). Sua velocidade estará compreendida entre 32 km/h e 60 km/h, isso considerando-se vento zero e ao nível do mar. Sua corrida para decolagem, tanto para o DAP como para o DMC, necessita do esforço físico dos braços do piloto para inflar o parapente e subi-lo na posição de voo.
Existem diversos tipos de motor para o paratrike, com potência variada, sendo específicos para voo solo (menos potência) e voo duplo (mais potência), geralmente alimentados por gasolina, e que podem ter autonomia de voo entre trinta minutos e cinco horas. O recorde brasileiro em um voo solo é de 425 quilômetros percorridos, em 5 horas e 13 minutos. Já o recorde de altura alcançado por um paratrike é de incríveis 6.749 metros. Nos voos o uso de capacetes é obrigatório, sendo que permitem a comunicação entre o piloto e o passageiro, e ainda a comunicação via rádio com a equipe de apoio em terra.
(Fonte: http://www.abpm.esp.br/?pagina=Regulamento)
DIÁRIO DE BORDO
Destino – Praia do Romance, em Caraguatatuba
Distância – 173 Km de São Paulo, capital
Tempo de Viagem – Duas horas e meia da capital paulista, sem trânsito
Caminho – Via Dutra e Rodovia dos Tamoios
O destino desta modalidade de esporte de aventura desta vez foi o litoral, em um domingo que prometia muito sol e visualizações aéreas fantásticas. Aéreas sim, porque o destino era Caraguatatuba e a modalidade era realizar o voo duplo de paratrike. Os convidados para este destino foram Ana Carolina Silva Bandeira, 30 anos, com síndrome de Down, e Matheus de Carvalho Sampei, 38 anos, paraplégico. Ana Carolina, a Carol, como gosta de ser chamada, foi estimulada desde cedo por seus pais, Umberto e Francisca. Frequentou escolas especiais e regulares, a APAE de São Paulo, fez balé clássico, contemporâneo e dança de salão. “Meu sonho é surfar e andar de jet-ski, sempre gostei de água, nadava na APAE e gostava muito da atividade”, diz Carol.
Articulada, desenvolta, com curso técnico com foco em administração, trabalha desde os 21 anos. Já foi mensageira interna na SERASA, atendente de biblioteca, bancária, e atualmente trabalha como auxiliar na recepção de um spa. Sobre a aventura que se aproximava, mostrava coragem de enfrentar o novo. “Não sei o que vou encontrar pela frente, só sei que estou muito animada para voar”. Matheus é de São José dos Campos. Ele é cadeirante e ficou paraplégico aos 29 anos, por conta de um acidente de carro. Engenheiro mecânico, trabalhando na área de tecnologia da EMBRAER, Sampei sempre foi um amante de aventuras. “Antes do acidente eu saltava de paraquedas, surfava, andava de skate, sempre tive predileções por esportes radicais”, diz ele, que mora sozinho e tem autonomia total. Na fase pós-acidente, pulou de bungee jump, fez “drops” com caiaques e rafting, enfrentando corredeiras. Mesmo com esse passado repleto de emoções, ele se mostrava ansioso antes do voo. “Não é medo, mas uma ansiedade de saber que vou vivenciar o inédito, algo que nunca fiz”.
Na praia, o visual ensolarado era fantástico, misturando-se com o mar, a areia e montanhas ao redor. A equipe da Oxy Fly, composta pelo piloto Augusto Sérgio Cruz de Toledo, e seu auxiliar Luiz Carlos Donda já aguardava os convidados para o voo de paratrike. Além deles, os amigos de Augusto, Claudio Sergio Tonheta e Felipe Toledo, companheiros de voo livre e de paratrike. Augusto, de 50 anos, ficou paraplégico há 13 anos por conta de imprevistos em um voo livre. “Eu voava desde 1993, infelizmente tive problemas durante um voo em 2003 e fiquei paraplégico. Mas logo depois retomei os voos de paratrike, que são minha paixão”. Ele tem curso de instrutor habilitado, tanto para voos, como para ministrar aulas. Fez cursos de Simulações em Acidentes de Voos (SAV) e é totalmente preparado para enfrentar qualquer situação que se apresente. “O voo de paratrike traz alguns riscos, principalmente durante a decolagem e na aterrissagem. Meu conhecimento faz com que eu saiba lidar com qualquer imprevisto. Até mesmo se o motor apagar, não há problema, a vela é especial para voos duplos e o que era motorizado vira voo livre”, diz ele, que é advogado e faz a manutenção do equipamento a cada 50 horas de voo.
Apresentações feitas, explicações dadas, Augusto lança a pergunta: “Quem quer ser o primeiro a voar?”. Imediatamente Carol se apresenta: “Eu quero!”, não escondendo a adrenalina que tomava conta dela e de todos por ali. “E se eu sentir medo durante o voo?”, questiona. “Se você sentir medo, eu paro o voo e faço uma aterrissagem tranquila. Mas tenho certeza que você vai curtir o visual”, rebate Augusto. Pois ele estava mais do que certo. Ao término do voo de cerca de 15 minutos, com altura variando entre 100 e 200 metros, Carol era êxtase puro! “Emocionante. No início fiquei um pouco tensa, mas fui relaxando, conversando com o Augusto, comecei a curtir o visual, que é fantástico”, disse ela, que queria repetir o voo assim que chegou ao solo! Só que o próximo seria Matheus, também ansioso com o momento que se aproximava. Ao término de seu passeio, contagiava a todos com uma alegria que transbordava pelo poros. “Sensacional, a combinação perfeita experimentei aqui, tudo casou. O belo visual da praia, do mar, das montanhas, o sol, espetacular. A sensação de liberdade, o vento batendo na sua cara, não tem como não experimentar isso aqui, vou recomendar a todos os amigos e quero fazer novamente, com certeza”.
Ao final, todos acabaram voando, cada qual experimentando sensações diferentes. E a alma da atividade pode ser resumida em uma frase de Augusto, já durante o animado almoço, logo após o término dos voos: “Minha felicidade é proporcionar felicidade aos outros”.
RECOMENDAÇÕES
Independentemente de estar calor ou frio, é recomendado que a pessoa voe com calça, tênis, meias e casaco, pois o paratrike pode chegar a uma altura de 300 metros em voos turísticos. É mais recomendável que se voe cedo, especialmente no interior, para evitar as chamadas atividades térmicas. Não são feitos voos caso o vento esteja acima de 25 quilômetros por hora (em voos solos), e de 18 quilômetros por hora (em voos duplos). Também não se voa caso esteja chovendo, ou ainda quando se apresentam nuvens conhecidas como “cúmulus nimbus”, que prenunciam chuvas, sólidas e com grande desenvolvimento vertical.
A única adaptação do paratrike se dá em pessoas com tetraplegia ou paraplegia, com a fixação dos pés por meio de cordas, evitando assim que eles fiquem soltos durante a aventura. Cintos extras são utilizados por qualquer passageiro, aumentando a sensação de segurança.
ATRAÇÕES DE CARAGUATATUBA
São 40 quilômetros de orla em Caraguatatuba, com praias para todos os gostos. Destaque para a praia de Tabatinga, considerada a mais bonita de lá, a Brava, preferida dos surfistas e ainda as vizinhas Mococa e Cocanha. Nessa última, o belo cenário é formado por coqueiros, rios e vista das ilhas Cocanha e do Tamanduá. O mar calmo e de águas claras atrai famílias e adeptos do caiaque e do mergulho de observação. A infraestrutura inclui quiosques, bares e restaurantes.
Já Mococa possui mar calmo e transparente e é indicada para a prática de esportes náuticos – como pesca e mergulho. Ela também é próxima às ilhas Cocanha e do Tamanduá, também recomendadas para visitação, acessíveis por barcos ou jet-ski. Outra atração imperdível consiste na visita ao Morro de Santo Antônio. Com 340 metros de altitude, apresenta uma espetacular vista formada pelas enseadas de Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. É, inclusive, ponto de encontro das turmas da asa-delta e do parapente, que lá encontram duas rampas para saltos.
O Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba – também apresenta uma série de atrações. O parque, que tem área total de 315 mil hectares, sendo 88 mil em Caraguatatuba, abriga espécies diversas de animais, pássaros e árvores típicas da mata Atlântica. O núcleo Caraguá tem três trilhas abertas: a do Poção leva à Cachoeira da Pedra Redonda, com 6 metros de queda e cerca de três horas para ir e voltar. Já a do Jequitibá, que é fácil e termina numa piscina natural com pequena queda d'água (são 40 minutos ida e volta), pode ser feita de dia, durante o horário de funcionamento do parque; ou à noite, das 19h às 21h – a atração, nesse caso, é ver animais de hábitos noturnos, como cotias, pacas, tatus e corujas. Para a histórica trilha dos Tropeiros, mais longa, com 8 quilômetros de extensão e que dura cerca de cinco horas, a caminhada começa no Bairro Pouso Alto, a 25 quilômetros da entrada principal do parque, e termina na sede (um carro do parque leva ao ponto de partida). É preciso agendamento para fazer a trilha do Poção (saídas às 9h e às 13h), a trilha noturna do Jequitibá e a trilha dos Tropeiros. T
odas as caminhadas são feitas com monitores ambientais e para fazer as trilhas é preciso pagar taxas. Para mais informações sobre o Parque, ligue (12) 3882-3166. Vale ainda reforçar que Caraguatatuba está estrategicamente localizada entre São Sebastião e Ubatuba, municípios com praias variadas e deslumbrantes.
SERVIÇOS
PARATRIKE EM CARAGUATATUBA
Empresa: Oxy Fly
Site: www.oxyfly.com.br
E-mail: oxyfly@terra.com.br
Contato: (19) 97409-7723
Apesar de nossa aventura ter se dado em Caraguatatuba, a Oxy Fly tem sede em Indaiatuba, a aproximadamente 100 quilômetros da capital. O itinerário, quando feito no interior, inclui vistas das cidades de Indaiatuba, Salto e Itu.
ONDE FICAR (todos os estabelecimentos são adaptados para receber pessoas com deficiência)
Hotel Mar – Telefone: (12) 3883-5669; Site: http://hotelmar.com.br/site/
Endereço: R. São José dos Campos, nº 159, Centro – Caraguatatuba – SP, a aproximadamente 4 quilômetros da Praia do Romance
Possui banheiro adaptado, jogo de barras na parede, torneira acessível e cadeira de rodas para banho
Hotel Litoral Norte – Telefone: (12) 3883-1655; Site: http://hotellitoralnorte.com.br/site/
Endereço: Av. Dr. Artur Costa Filho, 315, Centro, Caraguatatuba – SP, a aproximadamente 3,5 quilômetros da Praia do Romance
Possui banheiro adaptado, jogo de barras na parede, torneira acessível e cadeira de rodas para banho
COMO CHEGAR
Carro
Vindo de SP:
Acesso pela rodovias Ayrton Senna/Carvalho Pinto (SP-70) ou Dutra (BR-116), sentido norte. Em São José dos Campos, pegar saída para Rodovia dos Tamoios (SP-99), sentido Litoral.
Acesso pela Rio-Santos (BR-101): Ayrton Senna/Carvalho Pinto até Mogi-Bertioga (SP-98) e, de lá, Rio-Santos sentido Rio de Janeiro, passando por São Sebastião.
Vindo do Rio: acesso pela Rio-Santos, acesso pela Dutra até São José dos Campos. De lá, Rodovia dos Tamoios, sentido Litoral. Também é possível acessar a Rodovia Ayrton Senna/Carvalho Pinto na altura de Taubaté.
Ônibus - As empresas Litorânea (http://www.litoranea.com.br/), Itapemirim (http://www.itapemirim.com.br) e Normandy (http://www.normandy.com.br/) têm ônibus partindo de diversas capitais do país para o Litoral Norte de São Paulo.