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Aventura Adaptada

TURISMO DE AVENTURA

Primeiramente entendido como uma atividade associada ao Ecoturismo, hoje o Turismo de Aventura possui características estruturais e mercadológicas próprias. Mas nem sempre foi assim. Segundo publicações do Ministério do Turismo do Brasil, nos anos 1970 essa forma de atividade nada mais era do que uma forma prazerosa de estar em contato com a natureza, mesmo que isso fosse visto com certo estranhamento por alguns setores da sociedade.

O segmento nasceu com um pequeno grupo de pessoas dispersas geograficamente, de diferentes classes sociais e idades, que começaram a desenvolver atividades junto à natureza, passando a visualizar a possibilidade de fazer daquilo seu meio de vida. Na década de 1980 houve as primeiras reflexões sobre Turismo de Aventura. No fim dos anos 90, os primeiros equipamentos para a realização de atividades de natureza (capacetes, caiaques infláveis, cordas, entre outros) começaram a ser produzidos no Brasil.

Em 1999, foi organizada a primeira feira do setor de Turismo de Aventura, a Adventure Sports Fair, que proporcionou a promoção e conhecimento das atividades do segmento. A feira teve um importante papel para o associativismo do segmento, e algumas associações foram criadas. Em 2001, a primeira definição de Turismo de Aventura foi elaborada no Brasil, na Oficina para a Elaboração do Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Aventura, realizada em Caeté, Minas Gerais.

Por fim, o Ministério do Turismo, em 2003, iniciou o debate sobre a criação de um marco regulatório para o segmento. No mesmo ano, foi elaborado um diagnóstico nacional e internacional que visava identificar experiências de normalização, certificação e regulamentação da área. A norma ABNT NBR 15331:2007 é o documento oficial que rege as atividades de Gestão de Segurança de todas as organizações que atuam no setor de turismo de aventura, e soma-se em sua composição às normas voltadas à Gestão de Qualidade (ISO 9001) e Gestão Ambiental (ISO 14001).

Esse crescimento vem trazendo um novo leque de ofertas, possibilidades e questionamentos, que precisam ser compreendidos para a viabilização da oferta do segmento com qualidade. Podemos citar como atividades relacionadas: raftingrapel, tirolesa, escalada, paratrike, mountain bikemergulho autônomomergulho de apneiatrekkingarborismoexploração de cavernas, entre outras. Atualmente são inúmeras as localidades brasileiras que se caracterizam pelo Turismo de Aventura, espalhando-se por todas as regiões do país.

O Brasil é considerado um dos principais destinos, procurado por pessoas de todo o mundo. Cidades como Bonito (MS), Chapada dos Guimarães (MT), Chapada da Diamantina (BA), Fernando de Noronha (PE), Jericoacoara (CE), Parque Nacional do Monte Roraima (RR), Jalapão (TO), Ilha Grande (RJ), Cambará do Sul (RS) e Florianópolis (SC), entre tantos outros municípios brasileiros, podem ser citados como locais que oferecem o Turismo de Aventura, com infraestrutura para receber adequadamente os amantes dessa atividade.

Esta publicação escolheu seis destinos dentro do estado de São Paulo: Atibaia, Boituva, Bragança Paulista, Brotas, Caraguatatuba e Socorro como palcos a serem explorados, mas sob um viés completamente diferente: o do Turismo de Aventura, sendo praticado por pessoas com deficiência.

TURISMO DE AVENTURA ADAPTADO:

Qualquer pessoa pode praticar o turismo de aventura, inclusive pessoas com deficiência, desde que observados os requisitos mínimos para realização das atividades, como altura, peso, grau de mobilidade, capacidade cognitiva e condicionamento físico adequado. Para o público com deficiência a diferença está nas adaptações de equipamentos e técnicas utilizadas na realização da modalidade, para os diferentes tipos de deficiência, com suas características e graus de comprometimento físico e/ou cognitivos específicos.

Nesse cenário, é imprescindível que as pessoas com deficiência que estejam em busca de emoções e muita adrenalina procurem empresas do segmento do Turismo de Aventura que tenham conhecimento sobre o tema. São elas que farão a avaliação e preparação das pessoas com deficiência, baseadas no vasto conhecimento que possuem, em cada modalidade de aventura citada.

Nas atividades descritas no livro, buscou-se oferecer esse serviço, indicando empresas idôneas, com histórico de experiência no segmento e que tenham equipamentos adequados para contemplar o binômio prazer e segurança. Obviamente que atividades de aventura trazem certo risco ao praticante, independentemente de sua condição. O importante é saber quais são esses riscos e como evitá-los. Ou, caso se apresentem, ter o conhecimento de como enfrentá-los.

Listamos aqui os problemas mais comuns detectados e que podem se tornar ainda mais perigosos no universo da deficiência: desconhecimento da modalidade e dos riscos inerentes à determinada modalidade; falta ou má avaliação de capacidade corporal para esforço físico; desconhecimento de doenças pré-existentes; roupas e calçados inadequados; desobediência a sinais e placas de sinalização e advertência; desconhecimento de técnicas e utilização de equipamentos de proteção e segurança; autoconfiança em demasia; pouco ou nenhum planejamento; desconhecimento do local e região onde se pretende praticar esportes de aventura; desatenção ou má avaliação aos sinais de intempéries atmosféricas; ausência de comunicação preliminar sobre roteiros e trajetos; ausência de observação aos ensaios de segurança de equipamentos e acessórios (sobrecarga aplicada, conservação, manutenção, fadiga e obsolescência).

No entanto, se estamos elencando os problemas, é claro, nada mais justo do que citar a outra face da moeda. Com atitudes de planejamento proativa e receptiva a informações e comandos, dificilmente algo de errado acontecerá. Sendo assim, o sucesso de uma empreitada com estas características depende não só do profissional capacitado, como também da pessoa com deficiência.

As adaptações são simples, e estão descritas nos capítulos que se seguem. Apenas elencando algumas delas, podemos citar a necessidade de guias especializados no auxílio à pessoa com deficiência visual; o uso de barras direcionais para pessoas com esse mesmo tipo de deficiência; elementos extras de segurança em caso de deficiência físicas, como paraplegia ou tetraplegia. Nesse caso, o uso de cintos adicionais é recomendado, evitando que membros sem sensibilidade fiquem desprotegidos. No caso de deficiência auditiva, o conhecimento de Libras seria um diferencial interessante. Caso contrário, comandos por meio de sinais comuns e toques serão ensaiados antes do início da aventura. E se falamos dos cuidados, nada melhor do que fechar essa introdução descrevendo os benefícios, que são muitos. Se a atividade escolhida exigir esforço físico, o ganho óbvio é de uma condição atlética melhor, incluindo benefícios respiratórios e de coordenação, com aumento de agilidade e equilíbrio.

O Turismo de Aventura proporciona interação com elementos do meio ambiente, consciência ecológica e sociocultural. Ele traz uma exposição individual a desafios para elevação de autoconfiança e autoestima. Proporciona também reflexão e autoconhecimento, além do aprimoramento das habilidades de convívio interpessoal.

Ou seja, o Turismo de Aventura está aí para ser praticado, por todos. A composição explosiva de adrenalina, belos visuais, superação de desafios e socialização faz desse segmento algo quase irresistível de experimentar, especialmente por pessoas com deficiência, tornando-se mais um estímulo à independência e autonomia.