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Bragança Paulista - Escalada

ESCALADA – BRAGANÇA PAULISTA/PEDRA BELA

APRESENTAÇÃO DA MODALIDADE

A modalidade escalada faz parte do montanhismo, que consiste em ascender montanhas de variadas altitudes – baixa, média ou alta – por caminhada e/ou escalada. Nas caminhadas, a atividade é predominantemente aeróbica, ou seja, a exigência cardiopulmonar é prioritária devido aos longos percursos percorridos, que podem apresentar grande desnível de terreno. Já na escalada propriamente dita, o esforço físico é anaeróbico, dado que ele não é contínuo, como o de uma caminhada. Períodos de “descanso” se intercalam com o esforço físico utilizado pelo praticante, à medida que vai superando os obstáculos e chegando ao topo do local, ou em algum platô pré-determinado, objetivo final.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 15500 – amplia o leque de opções e conceitua escalada como a ascensão de montanhas, paredes ou blocos rochosos, podendo ser dividida em quatro grupos: em rocha, gelo (alpinismo, andinismo), mista e indoor (local fechado, onde o ambiente é controlado).

Atualmente a prática é cercada de normas de segurança, mas, como em toda a modalidade de aventura, a evolução veio com o decorrer do tempo. Na origem, a escalada já aparece como uma atividade derivada do montanhismo e utilizada como treino para corridas de alpinismo. A modalidade como prática desportiva aparece no século XIX, na Alemanha e na Inglaterra, onde, na totalidade, a chamada escalada livre era utilizada. A definição de escalada livre se dá quando a corda e outros equipamentos só servem para assegurar a segurança do escalador. As saliências do terreno são os únicos apoios para progredir na ascensão, logo o escalador usa os seus próprios meios (mãos e pés) para poder progredir na parede. Ainda na escalada livre, existe uma subdivisão, entre escalada móvel e escalada solo.

Na primeira, não existem pontos fixos de segurança colocados na parede (grampos). É da competência do escalador criar os seus próprios pontos de segurança – as chamadas “rotas” – com recursos de materiais especiais. Já na escalada solo, a mais radical, o escalador não utiliza qualquer equipamento de segurança. Essa prática só pode ser utilizada por escaladores com muita experiência.

Com a evolução da modalidade, foi instituída a escalada artificial (indoor ou outdoor), quando pontos de apoio são artificialmente colocados, ajudando o praticante na progressão. São usadas escalas de graduação para definição do nível de dificuldade, sendo que as mais famosas são as de Fontainebleau e de Hueco Tanks. No Brasil, a escala utilizada vai do grau 3 até o grau 12 (do mais fácil para o mais difícil). Os principais centros de escalada no país estão nos estados do Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo e Minas Gerais.

DIÁRIO DE BORDO

Destino – Pedra Bela, município vizinho a Bragança Paulista, mais especificamente a Pedra do Santuário
Distância – 118 km de São Paulo, capital
Tempo de Viagem – Duas horas da capital paulista, sem trânsito
Caminho – Rodovia Anhanguera (SP-330), BR-50 (Rodovia Federal), Rodovia Edgard Máximo Zambotto (SP-354), Rodovia Dom Pedro I (SP-65), Rodovia Fernão Dias (BR-381) e Via Joaquim de Paula Souza

Das modalidades radicais descritas nessa publicação, duas se destacam por exigirem mais do aventureiro, fisicamente falando. No trekking e na escalada, o praticante é totalmente “ativo”. Além de interagir com o meio que o cerca, depende dele o desenvolvimento da atividade. No caso do trekking em Atibaia, duas pessoas com deficiência visual encararam o desafio da subida, auxiliadas por guias durante o trajeto. Agora, os convidados tinham deficiência auditiva e foram auxiliados por dois experientes escaladores, Lucas Sato e José Eduardo Sartor Filho, ambos da Grade 6, empresa especializada em esporte de aventuras e que vem atendendo pessoas com diversos tipos de deficiência. O encontro da equipe da Grade 6 com os aventureiros se deu na própria Pedra do Santuário, um local belíssimo localizado no simpático município de Pedra Bela, vizinho de Bragança Paulista.

Cercada de natureza e de uma vista espetacular, a Pedra (ou rocha) explorada é própria para iniciantes, pois possui apenas rotas de graus 3 e 4 (escala brasileira). E era exatamente essa a situação de Jaqueline Carmen de Moura, 33 anos, e Matheus Cabral de Oliveira, 24, já que eles nunca haviam praticado a escalada antes. Ambos nasceram surdos, mas por motivos diferentes. A mãe de Jaqueline contraiu rubéola durante a gravidez, acarretando na surdez. Ela então frequentou escolas especiais durante o Ensino Fundamental, e escolas regulares no Ensino Médio. Depois formou-se em educação física, na Faculdade Metropolitanas Unidas (FMU). “Na escola especial não encontrei dificuldade alguma, porque sempre havia um intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) na sala de aula. Já no Ensino Médio e na  faculdade, nem sempre era assim, então muitas vezes o aprendizado ficava prejudicado”, conta ela, que trabalhou em banco, na área de informática, mas que atualmente está desempregada.

Na parte esportiva, tem predileção pelo futsal, jogando regularmente e defendendo instituições como a Confederação Brasileira de Surdos. Esportes radicais estavam limitados, até então, ao rafting e arvorismo. “Estou bem ansiosa para iniciar a escalada”, dizia ela, com um sorriso estampado no rosto. Já Matheus é surdo por genética, já que o pai é surdo também. Diferentemente de Jaqueline, estudou somente em escolas especiais. “Não encontrei dificuldades pela presença constante do intérprete de LIBRAS. Ainda não tenho curso superior, mas minha intenção é estudar psicologia, apesar de ter conhecimento mais profundo ligado à informática”, conta Matheus, que já trabalhou em várias empresas na área administrativa, mas que também está desempregado. Já praticou vários esportes, como muay thai, futebol, tênis e vôlei, seu esporte preferido. Com relação a esportes radicais, o máximo que tinha feito era ter participado de corridas de kart, nada mais. “Estou com um friozinho na barriga, mas determinado a escalar a rocha”, fala.

A escalada feita na Pedra do Santuário é considerada livre, mas quem fez a primeira incursão na rocha, colocando os pinos de segurança em buracos já pré-existentes (feitos por outro escalador), foi Lucas. Pacientemente e com muita habilidade ele foi vencendo os 25 metros que separam o ponto de partida até o platô no meio da rocha (a pedra tem 50 metros de altura no total), local determinado de chegada, pondo os pinos e os mosquetões para, finalmente, passar a corda por esses pontos. Como Eduardo Tetamanti Jurado, personagem do rafting de Brotas, também foi para o desafio, Lucas acabou abrindo três rotas diferentes, bem próximas umas das outras, para que os três personagens pudessem escalar a rocha ao mesmo tempo. Com as rotas prontas, o passo seguinte, importantíssimo, foi repassar todas as instruções de segurança. No cenário que se apresentava, com três escaladores com deficiência auditiva, sinais foram combinados para que tudo desse certo durante a escalada.

É necessário salientar que a escalada para iniciantes sempre conta com o apoio e a segurança de um instrutor de escalada, que fica no ponto de início da subida, seja ele qual for. Esse personagem não só faz a segurança do escalador, com a possibilidade de frear uma queda, caso ocorra, como também faz a orientação durante a escalada, caso o escalador requisite algo nesse sentido. Tudo repassado, os três, cada qual assistido por um escalador profissional (a produtora Ana Borges é escaladora experiente e fez a segurança de Eduardo), iniciam a subida.

O desafio maior é encontrar os melhores pontos de apoio, tanto para os pés, como para as mãos, durante a subida. Usa-se a força dos braços e pernas, mas é possível fazer pausas durante o exercício, caso o aventureiro sinta a necessidade de um breve descanso. A interação dos três com o ambiente explorado é total. São eles, a rocha e os equipamentos de segurança, um universo paralelo se forma. Percebe-se também que a escalada é totalmente instintiva, ou seja, é o praticante que vai descobrir qual o melhor caminho durante a subida. Ao final, todos alcançaram o platô com uma grande habilidade, surpreendente até.

“Me senti superconfortável durante a subida, não encontrei absolutamente nenhuma dificuldade”, conta Matheus. Jaqueline chama a atenção para o trabalho dos instrutores, antes e durante a escalada. “Como tudo foi repassado de forma muito clara por eles, com paciência e o uso correto dos sinais, a escalada foi espetacular. A boa comunicação é imprescindível!”.

A atividade foi tão prazerosa, que os percursos foram repetidos quatro vezes por cada um. Matheus e Jaqueline são enfáticos ao afirmar que vão escalar outras vezes e elogiam a vista do local, ainda mais bela quando se alcança o platô. Eduardo, ao lado deles, é só sorrisos, traduzindo sentimentos de prazer, conquista e superação.

RECOMENDAÇÕES

Como a escalada exige esforço físico, é importante que a pessoa esteja alimentada. É possível até alimentar-se minutos antes do exercício, mas de forma moderada, assegurando assim energia suficiente para a atividade. Outra preocupação é com a roupa a ser utilizada. Na montanha, a mudança rápida das condições climáticas exige vestimenta adequada para qualquer tipo de situação, então é bom estar preparado para o frio e para o calor. Mas o mais importante é que seja confortável. Evite usar calças jeans, que limitam seus movimentos. Aconselha-se a retirada de anéis dos dedos, caso existam, e recomenda-se que mulheres usem o cabelo preso. Essas orientações são importantes, evitando complicações extras caso ocorra uma queda.

Quando se fala em queda, é importante salientar que ela é totalmente controlada por quem faz sua segurança, com freios especiais, evitando complicações maiores. Existe a orientação no sentido de não se segurar nos pinos de segurança durante a subida, algo instintivo para marinheiros de primeira viagem. Os comandos usados são simples, e no caso de pessoas com deficiência auditiva foram combinados sinais que significavam, “pronto para subir”, “pronto para descer” e “pausa” (ou descanso). Na descida, usa-se a técnica do rapel positivo e recomenda-se que as pernas fiquem um pouco afastadas uma da outra, aumentando a sensação de segurança e equilíbrio. Para explorações mais radicais, com maior grau de dificuldade, além do equipamento de segurança próprio da atividade, deve-se partir com um bom mapa da região e uma bússola para a orientação, pois o nevoeiro ou uma nuvem no cimo de uma montanha podem tapar por completo a visibilidade.

Em ambientes menos rigorosos, como o da Pedra do Santuário, a preocupação maior é com relação à vestimenta e os equipamentos de segurança. Entende-se por equipamentos de segurança: capacete, cadeirinha, corda, auto-seguro, mosquetões, freios ascensores e descensores. Qualquer pessoa, a princípio, é capaz de praticar a escalada. No caso de uma deficiência física mais severa, uma avaliação será feita. Para tanto, é importante entrar em contato prévio com a empresa que irá assisti-lo durante a aventura, para que os profissionais tenham a exata noção de suas necessidades. A Grade 6 atende pessoas de 8 anos em diante, nessa modalidade. Não é recomendado escalar com chuva e proibido quando há tempestades com raios. Um último aspecto necessita ser citado. Como as rochas geralmente se encontram em locais que só são alcançáveis por trilhas, recomenda-se levar sacos plásticos para carregar todos os detritos produzidos no caminho, preservando assim o meio ambiente e as belas paisagens exploradas.

ATRAÇÕES DE PEDRA BELA E BRAGANÇA PAULISTA

Pedra Bela e Bragança Paulista são vizinhas, apenas 31 quilômetros a separam. Pedra Bela é bem menor, e apresenta um charme único. Passando por suas pequenas ruas é possível reconhecer e admirar o ambiente bucólico que se apresenta. A igreja matriz é típica de municípios minúsculos, Pedra Bela tem somente 6 mil habitantes. Dentre suas principais atrações temos a maior tirolesa do país, com 1.900 metros de extensão. O cabo contínuo, a 128 metros de altura, proporciona quase dois minutos de descida, a até 107 km/h. Mas atenção. Ela se encontrava desativada na época de nossa aventura. Portanto, é bom checar se é possível usufruir do equipamento na época de sua viagem.

Outros pontos turísticos da cidade são as cachoeiras Boca da Mata e Antonio Souza, essa na divisa dos estados de São Paulo e Minas Gerais. A Pedra do Santuário, que foi a localidade explorada por nossos personagens, tem um santuário em seu topo, daí o nome. Juntamente com a Pedra Maria Antonia, também é ponto obrigatório de visitação. A Pedra Maria Antonia é usada para escaladas, inclusive, e possui um grau maior de dificuldade em relação à Pedra do Santuário, com rotas entre 4 e 5 graus da escala brasileira. Entretanto, recomendamos que o aventureiro se hospede em Bragança Paulista, com mais infraestrutura, especialmente para receber pessoas com deficiência.

Apesar das universidades que lotam as ruas de jovens e de agito, Bragança Paulista não perdeu o charme de estância. A cidade continua a atrair as famílias que chegam em busca da tranquilidade. Alguns programas, porém, são comuns e obrigatórios para todos os públicos - um deles é saborear a famosa linguiça de Bragança, servida nos estabelecimentos em versões variadas. No Bar Galícia (Av. Antônio Pires Pimentel, 753), o embutido é feito artesanalmente. Sem gordura, é macia e apimentada na medida certa. Na La Bragantina (Av. Doutor Tancredo de Almeida Neves, 446), os proprietários passaram anos pesquisando a história do produto, com antigos moradores, para chegar a uma receita exclusiva. A casa tem treze variedades, entre elas uma com pimenta biquinho e a Cuiabana, com carne bovina e queijo fresco, feita no leite. O “point” mais concorrido, entretanto, é o Bar do Rosário (R. Barão de Juqueri, 6), ao lado da igreja, que oferece sanduíches recheados com calabresas de ervas, de pimenta, de azeitonas, de provolone e ao vinho. Impossível não voltar para casa com uns quilinhos a mais! Para queimar as calorias, faça uma caminhada ao redor do Lago do Taboão, cartão-postal da cidade, com pista de cooper, quadras e playground.

Quando a noite cai, os estudantes tomam conta do espaço, contornado por bares movimentados nos finais de semana. Atividades em contato com a natureza são praticadas na Represa Jaguary, localizada na Estrada de Piracicaba, com acesso pela Fernão Dias. Formada por um espelho d'água de 50 quilômetros quadrados, é frequentada pelos adeptos dos esportes náuticos e da pesca, e descortina belas paisagens emolduradas por montanhas.

Nas férias de julho, outra grande atração da cidade. No período acontece o Festival de Inverno (mais informações no site da prefeitura, http://www.braganca.sp.gov.br/newsite/index.php), com intensa programação gratuita de shows, oficinas culturais, exposições, apresentações teatrais e de cinema. Paralelamente ao evento é realizado o Festival de Arte Serrinha, que reúne espetáculos, performances e oficinas de moda, teatro, música, fotografia e gastronomia. O cenário é a Fazenda Serrinha (Estrada Municipal José Vaccari, s/n - Zona Rural), uma antiga propriedade cafeicultora transformada em reserva natural, centro cultural e pousada.

Para mais informações turísticas da cidade, acesse o portal www.guiadebraganca.com.br, ou ligue para (11) 4033-2000.

SERVIÇO

Empresa: Grade 6 Viagens
Site: www.grade6viagens.com.br
E-mail: contato@grade6viagens.com.br
Endereço: Rua Oscar Alves Costa 103, sala 3, Barão Geraldo, Campinas
Contato: (19) 3305-5040

HOSPEDAGEM

Hotel Villa Santo Agostinho – site: http://www.hotelvillasantoagostinho.com.br/
Telefone: (11) 4034-8884
Endereço: R. Victório Panuncio, 200. Jardim. Sevilha - Bragança Paulista
Possui 4 apartamentos adaptados, com portas maiores e banheiros com barras de segurança, pia rebaixada e cortina em vez do box no chuveiro.

Ka Business Hotel – site: http://www.kahotel.com.br/
Telefone: (11) 4481-9300
Endereço: R. Renato de Oliveira, 80 - Jardim São Jose - Bragança Paulista 
Possui 4 apartamentos adaptados, com portas maiores e banheiros com barras de segurança, pia rebaixada e cortina em vez do box no chuveiro.

Hotel Fazenda Dona Carolina – site: http://www.hotelfazendadonacarolina.com.br/
Telefone: (11) 4534-9100
Endereço: Rodovia Alkindar Monteiro Junqueira, Km 39,5, s/n - Capela do Barreiro - Itatiba 
Possui 3 apartamentos adaptados, com portas maiores e banheiros com barras de segurança, pia rebaixada, cadeira para banho e cortina em vez do box no chuveiro. O Hotel Fazenda também apresenta serviço de van. Apesar de localizado no município de Itatiba, está a apenas 10 minutos de carro do centro de Bragança.
OBS: Todos os locais aqui citados estão a aproximadamente 30 quilômetros da Pedra do Santuário

COMO CHEGAR

Avião – O aeroporto de Viracopos em Campinas (SP), fica a 84 Km do município de Bragança Paulista

Carro – É necessário o uso de cinco rodovias para Bragança, para quem sai da capital paulista. Rodovia Anhanguera (SP-330) , BR-50 (Rodovia Federal), Rodovia Edgard Máximo Zambotto (SP-354), Rodovia Dom Pedro I (SP-65) e Rodovia Fernão Dias (BR-381)

Ônibus – A Viação Bragança (http://www.viacaobraganca.com.br/) tem saídas constantes do Terminal Rodoviário Tietê